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Dólar avança a R$ 5,29 e Bolsa caminha para queda após série positiva

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Dólar avança a R$ 5,29 e Bolsa caminha para queda após série positiva

O dólar terminou a sessão desta quarta-feira (12/11) em alta, em um dia no qual o mercado financeiro repercutiu declarações do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e também monitorou o noticiário nos Estados Unidos, com o iminente fim do shutdown e a possível redução de tarifas sobre o café.

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“BC não pode brigar com os dados”, diz Galípolo

No cenário doméstico, o grande destaque do dia foi a participação do presidente do BC, Gabriel Galípolo, em dois compromissos em São Paulo.

O chefe da autoridade monetária participou de anúncios sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) e também de um debate no painel “Política Monetária no Brasil”, no Fórum de Investimentos 2026 – Tendências Globais para os Investimentos, promovido pela Bradesco Asset Management, na capital paulista.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu manter a taxa básica de juros no atual patamar de 15% ao ano, o maior em quase duas décadas, desde 2006. O mercado já vem projetando o início do ciclo de corte da Selic para o início do ano que vem.

Nesta quarta, Galípolo rebateu as críticas à autoridade monetária pela decisão de manter a taxa básica de juros (a Selic) em um patamar elevado para controlar a inflação no país.

“Temos uma desancoragem das expectativas que sinaliza um bom pedaço dos próximos anos com uma inflação que não está dentro da meta. É por isso que o BC tem sido tão vigilante em ter essa segurança de ter colocado a taxa de juros em um patamar restritivo, permanecendo com ela por este período bastante prolongado, para garantir que a política monetária vá fazendo seus efeitos”, afirmou Galípolo.

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“Entendo que é legítimo todos os ramos da sociedade poderem se manifestar sobre política monetária. Todo mundo pode brigar com o BC, mas o BC não pode brigar com os dados. De todas instituições públicas, o BC talvez seja a que tenha objetivos mais claros. Temos uma meta explícita de inflação”, disse.

Galípolo foi questionado sobre críticas à política monetária mais restritiva do BC. Após o anúncio da manutenção da Selic em 15% ao ano, na semana passada, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), classificou a postura do Copom como “descasada da realidade” e “prejudicial ao Brasil”.

“Se você diz que a convergência para a inflação está sendo mais lenta e gradual, aqueles que têm uma visão mais benigna da trajetória vão dizer que não estamos reconhecendo a realidade ou que é sabotagem”, observou Galípolo. “Se você faz algum tipo de reconhecimento de que [a inflação] está crescendo menos, aí também vai por outro lado: dizem que já está querendo entregar por pressão ou algo do tipo.”

O presidente do BC complementou, sobre as críticas: “Se fizermos um bom trabalho, seremos criticados de forma equânime por esses dois extremos”.

No outro compromisso do dia, Galípolo disse que a inflação no Brasil vem caminhando, de forma “lenta e gradual”, em direção à meta de 3% perseguida pelo BC. “Os dados vêm mostrando uma progressão, ainda que lenta e gradual, da inflação no sentido de convergência para a meta. É claro que o lento e gradual é bastante incômodo para o BC”, reconheceu.

“Por outro lado, esse gradualismo colabora para emagrecer o outro risco, o receio de que se tivesse um declínio mais agudo da economia. O que os dados vêm mostrando é uma economia que está desacelerando, crescendo a taxas menores”, concluiu o presidente do BC.

Setor de serviços cresce

Ainda no âmbito interno, o mercado também repercutiu os dados divulgados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o desempenho do setor de serviços no país em setembro.

Segundo o IBGE, o volume de serviços subiu 0,6% em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Foi o oitavo resultado positivo seguido, período em que o setor acumulou alta de 3,3%. Com isso, o setor de serviços está 19,5% acima do nível pré-pandemia (em fevereiro de 2020) e renova, neste mês, o ápice da sua série histórica.

Na série sem ajuste sazonal, em relação a setembro do ano passado, o volume de serviços avançou 4,1%, a 18ª taxa positiva consecutiva. No acumulado do ano, a alta é de 2,8% e, em 12 meses, de 3,1%.

O crescimento do setor em setembro foi acompanhado por três das cinco atividades, com destaque para os transportes +(1,2%). Os demais avanços vieram de informação e comunicação (+1,2%) e de outros serviços (+0,6%). Por outro lado, os serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,6%) e os prestados às famílias (-0,5%) tiveram queda no mês.

Café terá tarifas reduzidas

No front externo, as atenções dos investidores se voltaram aos EUA. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, confirmou, em entrevista à Fox News, que o governo do presidente Donald Trump anunciará uma redução nas tarifas comerciais impostas sobre produtos como café, banana e outros itens importados pelo país.

A declaração vai em linha com o que disse o próprio Trump, na véspera, também em entrevista à Fox. O Brasil é o maior exportador mundial de café e tem os EUA como um dos principais destinos de venda. Segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), cerca de 20% das exportações brasileiras do grão têm como destino o mercado norte-americano.

“Nós vamos baixar, nos próximos dias, algumas tarifas sobre o café e vamos ter algum café entrando [nos EUA]”, disse Bessent em entrevista ao programa The Ingraham Angle, da Fox News. “Vamos cuidar de tudo isso muito rapidamente. É algo cirúrgico, bonito de se ver, mas o custo de vida hoje está bem menor.”

Assim como Trump no dia anterior, o secretário do Tesouro dos EUA não deu detalhes sobre as medidas – de quanto será a redução das tarifas nem quando ela será anunciada.

O novo posicionamento da Casa Branca sobre a taxação do café surge em meio a um contexto recente de reaproximação diplomática e comercial entre os EUA e o Brasil – simbolizada por encontros, conversas e acenos entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Shutdown chegando ao fim

Os mercados também continuam com as atenções voltadas aos EUA, aguardando o fim do shutdown, a paralisação de amplos setores do governo norte-americano, que já dura mais de 40 dias e é a mais duradoura da história do país.

Após ser aprovado pelo Senado, a Câmara dos Representantes dos EUA deve votar, nesta quarta, o acordo que pode encerrar o shutdown. Na segunda-feira (10/11), congressistas republicanos e democratas chegaram a um consenso sobre o acordo, aprovado no Senado por 60 votos contra 40.

A proposta prevê um pacote orçamentário provisório que possibilitará o financiamento do governo federal até janeiro de 2026, além de um pacote mais amplo de orçamento para o Legislativo, o Departamento de Agricultura e para programas voltados para veteranos norte-americanos.

O texto passou no Senado após cinco semanas de negociações entre representantes republicanos e democratas centristas.

Na terça-feira (11/11), Donald Trump parabenizou o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, e o líder da maioria no Senado, John Thune, pela aprovação da medida que reabre o governo federal.

Análise

Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar teve um dia de “ajuste técnico”, após acumular queda superior a 2% nas últimas sessões.

“O movimento ocorre em meio à expectativa pela retomada dos indicadores econômicos dos EUA com o fim do shutdown, o que traz cautela aos mercados e leva investidores a reduzirem posições após a sequência de apreciação do real”, explica Shahini.

Ainda assim, diz o analista, “o diferencial de juros doméstico segue como fator de sustentação para a moeda brasileira, já que a ata do Copom e o IPCA mais fraco reforçaram a percepção de que o ciclo de cortes da Selic deve começar apenas em 2026, mantendo o diferencial de juros como suporte importante para divisa brasileira”.

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