O lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura — geralmente em regiões como pernas, quadris e, em alguns casos, nos braços. Diferentemente da gordura comum, a gordura do lipedema é dolorosa ao toque, resistente a dietas e exercícios e tende a causar sensação de peso e inchaço.
De acordo com o médico pós-graduado em nutrologia, medicina do esporte e nutrição esportiva Gabriel Resende, embora o lipedema seja muitas vezes confundido com obesidade ou linfedema, ele tem origem distinta e requer abordagem específica. “Estima-se que atinja até 11% das mulheres no mundo, sendo fortemente influenciado por fatores hormonais e genéticos”, afirma.
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As causas exatas da condição ainda não são totalmente compreendidas, mas a ciência aponta para uma forte relação hormonal e genética. Segundo o especialista, o lipedema costuma surgir ou piorar em fases de alteração hormonal, como puberdade, gestação ou menopausa.
Lipedema
“Pesquisas sugerem que há uma predisposição familiar e que o problema envolve uma disfunção na forma como as células de gordura se desenvolvem e se acumulam, além de alterações microvasculares que comprometem a drenagem linfática. Isso faz com que o tecido adiposo retenha líquidos e se torne inflamado, levando à dor e ao aumento progressivo de volume nos membros”, pontua.
Gabriel Resende explica que o quadro não tem cura definitiva, mas há controle eficaz dos sintomas e melhora significativa da qualidade de vida quando o diagnóstico é precoce.
“O tratamento é multidisciplinar e envolve mudança do estilo de vida com dieta anti-inflamatória e prática regular de exercício de baixo impacto, além de terapia física com medidas compressivas, ajuste hormonal com acompanhamento médico para controle do hiperestrogenismo e, em muitas situações, medicações para controle do apetite e ajuste da inflamação subclínica”, lista.
Jovem influencer com quadro de lipedema
“O diagnóstico pode ser feito por diferentes profissionais, mas os mais indicados são: angiologista, cirurgião vascular, nutrólogo, endocinologista e clínico geral”
Gabriel Resende, médico pós-graduado em nutrologia, medicina do esporte e nutrição esportiva
Medicamentos e suplementos essenciais para mulheres com lipedema
Conforme o especialista destaca, os medicamentos e suplementos usados no tratamento do lipedema têm como objetivo principal reduzir a inflamação, melhorar a circulação e aliviar sintomas como dor, peso e inchaço nos membros. Entre os mais utilizados estão:
- Diosmina e hesperidina: flavonoides que fortalecem as paredes dos vasos e melhoram o retorno venoso e linfático, diminuindo o edema;
- Rutina: frequentemente associada à vitamina C, exerce efeito antioxidante e reforça os capilares, prevenindo o extravasamento de líquidos;
- Castanha-da-Índia (Aesculus hippocastanum): com ação venotônica e anti-inflamatória, ajuda a reduzir o inchaço e a dor;
- Ginkgo biloba: melhora a microcirculação e a oxigenação dos tecidos;
- Ômega-3: tem potente ação anti-inflamatória sistêmica e auxilia no controle da inflamação crônica típica do lipedema;
- Vitamina D: atua na regulação imunológica e no metabolismo das gorduras, sendo essencial quando há deficiência;
- Centella asiática: planta com efeito drenante e linfocinético, estimula o sistema linfático e melhora a elasticidade vascular.
Em casos de dor intensa, podem ser utilizados medicamentos para dor neuropática, como pregabalina ou duloxetina, que aliviam a hipersensibilidade dos tecidos.
Comparação entre gordura normal e gordura com lipedema
Além disso, Gabriel comenta que estudos recentes têm demonstrado que o uso da tirzepatida — um agonista duplo dos receptores de GLP-1 e GIP — pode trazer benefícios em pacientes com lipedema, especialmente naqueles com sobrepeso, resistência à insulina ou inflamação metabólica associada. “A medicação promove melhora do metabolismo, redução da inflamação e perda de gordura corporal, ajudando indiretamente na diminuição dos sintomas e na progressão da doença”, salienta.
“Contudo, seu uso deve ser sempre prescrito e acompanhado por médico, já que é uma terapia avançada e de alto impacto metabólico”, alerta.
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