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    Gordura no fígado tem sintomas? Conheça sinais associados à condição

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    A esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, é um diagnóstico que avança em ritmo acelerado no mundo. Entre 1990 e 2019, a prevalência global da forma não alcoólica da condição subiu de 25% para cerca de 38%, segundo um levantamento publicado na revista Hepatology em 2023.

    O avanço inquieta pesquisadores e pressiona sistemas de saúde, especialmente pela dificuldade de diagnóstico, já que a condição evolui de forma silenciosa a maior parte do tempo. Entretanto, alguns sinais permitem identificar pessoas com alto risco e também aquelas que já têm um quadro avançado da condição.

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    A endocrinologista Natalia Cinquini, consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, destaca que o sedentarismo e padrões alimentares inadequados, privilegiando industrializados e comidas gordurosas, são um sinal de alerta. “Muitas pessoas acreditam que apenas quem bebe muito corre o risco de ter gordura no fígado, mas não é verdade. O estilo de vida está afetando o fígado de pessoas de qualquer idade”, diz.

    A esteatose hepática é identificada quando o acúmulo de gordura supera 5% da composição do fígado. Sem mudanças de hábito que revertam o quadro, a progressão pode levar à inflamação, à fibrose, à cirrose e, em situações extremas, ao câncer hepático.

    “Acredito que 70% das pessoas que têm esteatose hepática não sabem que estão doentes. Ficar muito tempo com a inflamação pode se tornar algo crônico e causar cicatrizes no fígado e outros problemas”, alerta o clínico geral Marcos Pontes, da Clínica Evoluccy, em Brasília.

    Gordura no fígado tem sintomas?

    Há sintomas que aparecem com a progressão da doença, mas eles só aparecem em estados muito avançados. A fase inicial costuma seguir silenciosa, sem sinais específicos que permitam suspeita imediata.

    Quando sintomas surgem, incluem cansaço persistente, perda de apetite, inchaço, aumento do volume abdominal e desconforto no quadrante superior direito da barriga, que já são sinais de um mal-funcionamento do fígado.

    Sem o correto tratamento, em quadros avançados, podem aparecer icterícia, ascite, urina escura e fezes claras, todos sinais de uma eventual falência do órgão. Cerca de 30% dos pacientes com esteatose desenvolvem inflamação e fibrose, e cerca de 15% chegam à cirrose.

    4 imagensA condição de gordura no fígado acomete 30% da população mundialAlterações na função hepática podem provocar distúrbios do sono, como insônia, sonolência diurna e ciclos de descanso irregularesNo início, as manifestações costumam ser inespecíficas, como cansaço, fraqueza, perda de apetite, náuseas, sensação de inchaço abdominal ou desconforto do lado direito do abdomeFechar modal.1 de 4

    A esteatose hepática é popularmente conhecida como gordura no fígado

    Mohammed Haneefa Nizamudeen/Getty Images2 de 4

    A condição de gordura no fígado acomete 30% da população mundial

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    Alterações na função hepática podem provocar distúrbios do sono, como insônia, sonolência diurna e ciclos de descanso irregulares

    Science Photo Library – SCIEPRO/Getty Images4 de 4

    No início, as manifestações costumam ser inespecíficas, como cansaço, fraqueza, perda de apetite, náuseas, sensação de inchaço abdominal ou desconforto do lado direito do abdome

    Magicmine/Getty Images

    Como a esteatose vira um perigo?

    Nos casos mais avançados, conhecidos como a MASH, a gordura leva à uma inflamação constante no fígado, o que gera uma cicatrização progressiva (fibrose). O tecido cicatrizado perde suas funções a ponto de ameaçar o funcionamento de todo o órgão.

    O hepatologista Jean Tafarel, do Hospital Universitário Cajuru, alerta que quase 90% dos diagnósticos de MASH ocorrem tardiamente. O atraso limita opções de tratamento e aumenta risco de complicações.

    “O normal é o fígado ter zero de fibrose. Quando a gordura começa a agredir as células, elas são substituídas por cicatrizes. Essa sequência de lesões pode evoluir para cirrose e até levar à necessidade de transplante do órgão”, explica ele.

    Prevenção e manejo em foco

    A prevenção se torna, portanto, elemento central no enfrentamento da doença. Avaliação regular, controle do peso e alimentação equilibrada formam a base para proteção do fígado e do organismo como um todo.

    “Durante muito tempo se acreditou que a esteatose não traria consequências sérias, mas hoje sabemos que pode evoluir para cirrose e até para câncer de fígado. O cuidado preventivo é essencial”, indica Tafarel.

    O tratamento atual se baseia em mudanças de estilo de vida, já que não existe medicação específica aprovada. A estratégia inclui dieta equilibrada rica em frutas, verduras, legumes e fibras, redução de ultraprocessados, controle de peso, prática regular de atividade física e redução do álcool.

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