Punida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) por falsificar documentos e fraudar licitações, a gigante chinesa LiuGong continua disputando — e vencendo — certames públicos.
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Logo após ser impedida de celebrar novos contratos com o entes públicos em todo o território nacional — em decisão de segunda instância do TCU — a chinesa nomeou uma loja de tratores no interior do Rio Grande do Sul como “distribuidora master no Brasil”.
A MPM passou a ter exclusividade nas vendas das máquinas produzidas pela LiuGong, além de acesso a toda rede de assistência das máquinas da LiuGong. No contrato entre as empresas, ao qual a coluna teve acesso, a MPM é definida como “distribuidora master da marca LiuGong para participação em licitações em todo o território do Brasil, detendo plenos poderes para nomear e/ou contratar empresas parceiras para a execução de serviços”.
Com a manobra, a MPM passou, então, a disputar licitações. Só em setembro, mesmo mês em que a MPM tornou-se “distribuidora master”, a empresa venceu sete certames, todos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), para fornecer retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas e motoniveladoras para o cidades no Maranhão, Goiás, Rio Grande do Norte e Paraíba. Somados os editais, o valor passa de R$ 145 milhões,
Documentos falsos
De acordo com relatório do TCU, a gigante chinesa apresentou pelo menos três documentos falsos ao participar da licitação no Dnocs, em 2023. A licitação foi aberta pela estatal para comprar retroescavadeiras hidráulicas.
Para participar da licitação, as empresas precisaram entregar uma declaração da rede de assistência técnica autorizada nos nove estados onde atua o Dnocs (Ceará, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Bahia, Sergipe e Minas Gerais).
Nessas condições, a Liugong apresentou ao menos três documentos falsos – alegando que possuía assistência técnica, o que não era verdade, uma vez que as próprias oficinas negaram a parceria.
A primeira condenação foi em setembro de 2024. A decisão, no entanto, logo foi derrubada pelo ministro Jhonatan de Jesus. Em julho deste ano, o relator do caso, Walton Alencar, reaplicou a punição de idoneidade, mas reduziu o prazo para um ano.
Gigante chinesa
A LiuGong atua no mercado internacional há mais de 65 anos e hoje tem faturamento bilionário. A companhia chinesa chegou ao Brasil em 2008 e, desde 2015, fabrica equipamentos no país.
A empresa acumula R$ 200 milhões em contratos, entre 2023 e 2024, com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para fornecer retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas, motoniveladoras e pás-carregadeiras.
Procurada, a LiuGong não se manifestou sobre o assunto. O espaço permanece aberto para eventuais posicionamentos.
