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    Na CPI, diretor da PF critica “glamourização” do crime organizado

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    O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, defendeu nesta terça-feira (18/11), durante a primeira oitiva da Comissão Paramentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, que haja uma diferenciação do que as autoridades estão enfrentando quando se trata de crime organizado e afirmou que não se deve “glamourizar” as ações delituosas. Siga ao vivo:

    “Essa atribuição desenfreada de crime organizado a toda e qualquer evento, termina muitas vezes destorcendo essa realidade e dificultando o enfrentamento a esse fenômeno […] É preciso, isso [diferenciar os crimes] até para não ‘glamourizar’ o crime organizado e tratar organização criminosa como entidades que precisam ser muito respeitadas e supervalorizadas que levam à distorções, ou promoção pessoa, ou apelo midiático de pessoas que  não têm compromisso com interesse público”, afirmou Rodrigues.

    A declaração foi durante a fala inicial concedida a Rodrigues no início da reunião, logo após a abertura do presidente do colegiado, o senador Fabiano Contarato (PT-SE).

    Operação contra o Banco Master

    Ao falar sobre organizações criminosas, o diretor-geral da PF citou a operação Compliance Zero, deflagrada na manhã de hoje e que resultou na prisão de Daniel Vorcaro, do Banco Master, detido preventivamente por suspeita de participação em fraudes em esquema de emissão de títulos de crédito falsos.

    Segundo Andrei, é estimado que o crime sob investigação tenha a monta de cerca de R$ 12 bilhões. “Por isso que eu digo que é preciso botar a bola no chão, separar o que é relevante para que a gente consiga fazer esse enfrentamento [ao crime organizado]”, concluiu o diretor da PF.

    Rodrigues seguiu falando sobre as ações da PF contra o crime organizado, e citou dados da corporação nesse combate. Depois, passou a ser questionado pelo relator da CPI, o senador Alessandro Vieira (MDB).

    A primeira reunião destinada a oitiva de autoridades na CPI do Crime Organizado ocorre no mesmo dia em que a Câmara pretende votar o Projeto de Lei Antifacção, que tem gerado críticas inclusive dentro da PF, que soltou uma nota na última semana dizendo que acompanhava “com preocupação” as alterações produzidas pelo relatório sobre o Projeto de Lei Antifacção, endossando a proposta do governo Lula, em detrimento a um relatório anterior de Guilherme Derrite (PP-SP), que enfraquecia a corporação.

    “A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público”, escreveu a PF.

    Ainda, chamava a atenção para possíveis “restrições significativas” nos trabalhos da PF, que dependeria de uma aval dos governadores estaduais para executar operações, o que, segundo a corporação”, “constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado”.

    Além de Andrei, o diretor de inteligência policial da PF, Leandro Almada, também foi convidado para comparecer à CPI, mas não está presente na reunião. O presidente contarato já afirmou que deve reiterar o convite em data próxima.

    O convite para que os diretores da corporação falassem aos senadores foi apresentado pelo relator da comissão, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), e aprovado no mesmo dia da instalação da CPI, juntamente com outros requerimentos para ouvir o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e 11 governadores.