O início da temporada de chuvas já trouxe consigo queda de árvores em outubro, mas a Prefeitura de São Paulo ainda tem em aberto praticamente um terço dos mais de 50 mil pedidos de poda feitos em 2025 pela população via 156.
Levantamento baseado em informações da própria administração municipal mostra 16.500 solicitações sem resposta, ante 52.415 pedidos, o que dá 31,5% de atendimento. Vale como ressalva o fato de que muitas das solicitações se referem a uma mesma árvore.



Avenida Líder, na região de Itaquera, na zona leste
William Cardoso/Metrópoles
Caminhão de manejo arbóreo da Subprefeitura de Itaquera
William Cardoso/Metrópoles
Avenida Líder, na região de Itaquera, na zona leste
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Avenida Líder, na região de Itaquera, na zona leste
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Avenida Líder, na região de Itaquera, na zona leste
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Árvore na Rua Tito, na Lapa
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De forma geral, as subprefeituras da zona oeste, como Butantã, Lapa e Pinheiros, aparecem entre as cinco com maior número de chamados, acompanhadas de Vila Mariana e Ipiranga. São todos bairros bastante arborizados na capital paulista, onde, geralmente, a queda de árvores causa impacto direto na vida de milhares de pessoas.
Há subprefeituras, como é o caso de Itaquera, em que o número de pedidos registrados em 2025 e que ainda seguem em aberto chega a 80% do total. São mais de 1.500 solicitações sem resposta, entre as quase 1.900 que chegaram à administração municipal.
A Subprefeitura de Itaquera conta com apenas seis equipes para o manejo arbóreo. Em alguns casos, cada equipe consegue realizar apenas duas podas por dia, segundo apurou a reportagem. Há situações ainda mais demoradas.
Demora e riscos
A autônoma Marisol Elizabete Vasquez Morales Martins, de 48 anos, diz que é grande a dificuldade para se obter a poda ou remoção de árvore em risco na região de Itaquera.
Na última semana, a prefeitura finalmente removeu uma árvore na esquina da Rua Diogo de Souza com a Avenida Líder. Moradores já vinham pedindo a retirada havia cerca de quatro anos, segundo a autônoma, e foi feito até abaixo-assinado.
“A árvore era muito antiga, tinha uns 40 anos, como dizem os vizinhos. A raiz cresceu e quebrou a calçada”, afirma.
Segundo Marisol, o estado das raízes colocava em perigo os pedestres. “Os idosos caíam ou tinham que se arriscar na avenida, correndo o risco de serem atropelados. Além dos que tinham que se segurar na grade para passar da Avenida Líder para a Rua Diogo de Souza”, disse.
Na última quinta-feira (30/10), o trabalho para a retirada da árvore já se arrastava pelo terceiro dia seguido, segundo os moradores, tamanha a dificuldade para se remover as raízes.
Pessoas que estão diariamente na Avenida Líder também criticam a falta de ação diante dos pedidos para poda das árvores que cobrem o canteiro central.
O comerciante Francisco Claudino da Silva, 65 anos, diz que a situação é desesperadora, ainda mais agora no início do período de chuvas na capital paulista.
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“Principalmente, com essas trovoadas de agora, novembro, dezembro. Tem o vento, o peso delas, como já estão de idade. A gente fica assustado, porque se caírem vão fazer um distúrbio”, diz. “Matar alguém na rua, uma criança, uma gestante, ou até mesmo destruir um comércio”, afirma Silva.
A também comerciante Síria de Oliveira Mazza, de 77 anos, também critica. “Já pedimos várias vezes para poderem as árvores, mas ninguém aparece. A gente quer que ordenem as árvores. Não para cortar, mas para podar”, afirma.
Pedidos em aberto
A Subprefeitura da Lapa, na zona oeste, é a vice-líder no número de pedidos de poda, com mais de 3.000 chamados no 156 e 36% ainda em aberto.
O zelador Adriel Carlos, 37 anos, disse que já pediu a poda de uma árvore na altura do 842 da Rua Tito, mas ainda segue no aguardo, com medo de que o pior aconteça durante um temporal. “É um risco para moradores que estiverem entrando ou para carros que estiverem aqui na frente. Pode causar acidente”, diz. Os galhos estão bastante secos e ela está oca por dentro”, afirma.
O que diz a Prefeitura de São Paulo
A Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) afirma que o trabalho de corte e poda de árvores acontece na cidade o ano todo e não somente na época das chuvas.
“Aliás, o número de equipes que fazem esse serviço foi ampliado neste ano de 122 para 162, um aumento de 32%”, diz.
Segundo a administração municipal, na Subprefeitura de Itaquera, o número de equipes subiu de duas para seis, e a região de Pirituba também passou a contar com seis equipes neste mês.
A secretaria diz que realiza mutirões para reforçar o trabalho nas regiões com maior número de pedidos.
“Neste mês, o mutirão acontece na Subprefeitura Pirituba, com 19 equipes atuando no território. Em setembro, foram realizados mutirões em Santo Amaro, Butantã e Lapa. Em toda a cidade, já foram podadas 130 mil árvores até 24 de outubro, além de 11 mil remoções preventivas”, diz.
A prefeitura afirma que, quando as árvores estão em contato com a fiação elétrica, é necessária a atuação da Enel para que as equipes do município possam prosseguir com o serviço.
A Enel Distribuição São Paulo afirma que tem intensificado ações em poda preventiva. De janeiro a setembro deste ano, a concessionária afirma que realizou mais de 494 mil podas preventivas em toda a área de concessão. “Só na Capital foram mais de 192 mil podas realizadas, um crescimento de quase 26% nos trabalhos em relação ao mesmo período de 2024”, diz, em nota.
Segundo a Enel, do total de podas realizadas na capital até setembro, cerca de 7 mil foram podas oficio, aquelas realizadas a pedido da Prefeitura de São Paulo.
A Enel diz que disponibiliza o ‘Pôdometro”, um painel online com atualizações mensais. Por meio da ferramenta, disponível no site da distribuidora, é possível visualizar o avanço das podas na região metropolitana de São Paulo e na capital paulista.





