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    Por que alguns animais hibernam e como sobrevivem ao frio extremo

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    Em período de inverno, algumas espécies adotam estratégias para garantir a sobrevivência. Algumas aproveitam o friozinho para hibernar, reduzindo a respiração e os batimentos cardíacos de forma drástica, o que permite meses de sono sem riscos sérios à vida.

    A hibernação não é só um estado de repouso, mas um processo em que o metabolismo do animal muda, as funções do corpo são ajustadas e as reservas de energia são usadas de forma cuidadosa para garantir que o corpo sobreviva ao frio e à falta de alimento por longos períodos.

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    O que indica início e fim do estado de hibernação

    O momento de começar e encerrar a hibernação depende principalmente do fotoperíodo, ou seja, da duração diária da luz. Com o inverno se aproximando, os dias ficam mais curtos e os animais percebem que é hora de reduzir atividades. A escassez de alimentos e a queda da temperatura reforçam essa necessidade, o que prepara o corpo para sobreviver em condições extremas.

    O retorno também é controlado pelo ambiente. O despertar exige um gasto grande de energia, e o organismo precisa recuperar de forma gradual as funções metabólicas e cardiovasculares.

    Como o corpo reage à hibernação

    Durante a hibernação, o corpo dos animais reduz as atividades para economizar energia e sobreviver. A temperatura corporal e a frequência cardíaca caem, o metabolismo passa a queimar principalmente as gorduras para gerar energia e água, e algumas proteínas são preservadas para proteger os músculos.

    O que garante que os animais tenham energia suficiente e proteção durante os meses em que estão inativos é que, antes de entrarem nesse estado, eles se preparam com comportamentos específicos.

    “Eles fazem uma espécie de planejamento metabólico. Acumulam reservas energéticas e ajustam suas funções internas de modo que meses de inatividade não causem danos aos órgãos. É um processo fascinante de autopreservação”, afirma o professor de biologia Marcello Lasneaux, da Heavenly International School, em Brasília.

    Hibernação, torpor e estivação

    Nem todas as estratégias de economia de energia funcionam da mesma forma. As principais formas conhecidas são hibernação, torpor e estivação, cada uma com duração, causas e intensidade distintas. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram as diferenças:

    Hibernação
    • Dura meses.
    • Geralmente ocorre em resposta ao frio intenso.
    • Reduz significativamente o metabolismo, a temperatura corporal e a atividade cardíaca e respiratória.
    Torpor
    • Estado breve, que pode durar algumas horas.
    • Motivado por frio ou fome.
    • Permite economia de energia de forma temporária, sem comprometer atividades de longo prazo.
    Estivação
    • Ocorre em resposta ao calor extremo e à seca.
    • Permite que os animais sobrevivam durante períodos prolongados de calor intenso ou escassez de água.
    • Reduz funções vitais de maneira semelhante à hibernação, mas adaptada às condições de calor e desidratação.

    Espécies que hibernam

    Alguns animais exemplificam de forma clara como a hibernação e outras formas de redução metabólica garantem a sobrevivência. As marmotas podem permanecer inativas por até nove meses, enquanto alguns ouriços reduzem quase totalmente a respiração e os batimentos cardíacos durante o período de hibernação.

    Foto colorida de hamster doméstico em estado de torpor - Por que alguns animais hibernam e como sobrevivem ao frio extremo - MetrópolesEm ambiente doméstico, hamsters podem apresentar torpor, uma forma leve de hibernação

    Outras espécies suportam até o congelamento parcial da água corporal sem sofrer danos, como anfíbios e peixes de água fria. Em regiões tropicais ou em espécies domésticas — como hamsters, camundongos, jabutis e cágados — aparecem formas mais leves de redução do metabolismo, como o torpor.

    O que acontece quando a hibernação é interrompida

    Sair do estado de hibernação antes da hora pode ser fatal para alguns animais. O médico veterinário Moacir Carretta Júnior, de Belo Horizonte, explica que o processo de despertar exige um gasto grande de energia e isso envolve alguns riscos à sobrevida do animal.

    “Durante a hibernação, o organismo entra em um nível extremo de lentidão. Quando esse ciclo é quebrado, o animal precisa gastar energia rapidamente para recuperar calor e atividade, o que pode esgotar suas reservas em poucas horas”, detalha Moacir.

    Além da exaustão, interromper o estado de hibernação expõe o animal a um ambiente hostil, com temperaturas baixas e falta de alimento. Nessa condição, ele fica mais vulnerável a predadores e a infecções, já que o corpo ainda está no processo de transição entre o repouso metabólico e a atividade plena.

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