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    SP tem média de 18 atropelamentos por dia. Veja principais locais

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    A cidade de São Paulo teve 18 atropelamentos por dia, em média, desde o início do ano, segundo os dados divulgados pelo Infosiga, do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP). Os números mostram que, entre os 4.934 casos registrados, as marginais e grandes avenidas da zona sul estão entre as vias com mais acidentes desse tipo na capital paulista.

    De janeiro a setembro, as autoridades registraram 293 pedestres mortos no trânsito da cidade, um aumento de 0,7% em relação a igual período de 2024. Também ocorreram 361 mortes de motociclistas, 2,3% a mais do que no ano passado.

    13 imagensPedestres na Estrada de ItapecericaFaixa de pedestres elevada em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal TietêFaixa de pedestres em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal TietêPedestres cruzam faixa de pedestres em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal TietêMarginal Tietê, em São PauloFechar modal.1 de 13

    Faixa de pedestres elevada em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal Tietê

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    Pedestres na Estrada de Itapecerica

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    Faixa de pedestres elevada em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal Tietê

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    Faixa de pedestres em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal Tietê

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    Pedestres cruzam faixa de pedestres em alça da Ponte das Bandeiras, na Marginal Tietê

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    Marginal Tietê, em São Paulo

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    Estrada do M’Boi Mirim

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    Rio Tietê, a partir da Ponte das Bandeiras

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    Marginal Tietê, em São Paulo

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    Rio Tietê, a partir da Ponte das Bandeiras

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    Semáforo para pedestres na Estrada do M’Boi Mirim

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    Semáforo para pedestres na Estrada do M’Boi Mirim

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    Agente da CET

    William Cardoso/Metrópoles

    Há casos em que os sinistros envolvem tanto pessoas em cima de uma moto quanto pedestres. Foi isso o que aconteceu no último dia 24, à noite, na Avenida Francisco Morato, na zona oeste. O policial militar Anderson Augusto de Oliveira, de 34 anos, cabo das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), pilotava sua moto quando atropelou o professor e físico Aníbal Fonseca de Figueiredo Neto, de 67, que atravessava a via. Ambos morreram.

    O levantamento baseado no Infosiga mostra que, nos nove primeiros meses do ano, a Avenida Francisco Morato teve 11 atropelamentos registrados pelas autoridades. Apesar do número elevado, não está entre as principais vias com esse tipo de acidente.

    Dados do Infosiga mostram que a Marginal Tietê (bastante extensa, nas duas margens do rio e formada por diversas avenidas) lidera esse ranking com ao menos 58 casos no ano.

    Embora seja vista geralmente apenas como via rápida para passagem de milhares de carros todos os dias, a Marginal Tietê é repleta de pontos de ônibus, tem calçadas irregulares, além de ser cheia de travessias em suas alças de acesso, uma verdadeira armadilha ou teste de paciência para quem deseja atravessá-las.

    É o que acontece diariamente com o professor de educação física Gustavo Paulino Izique, de 35 anos. Atravessar a parte baixa da alça de acesso da Ponte das Bandeiras, em direção ao Clube Espéria, é sempre um risco para ele.

    “Tem dia que levo de três a cinco minutos parado, esperando. Geralmente, ônibus e caminhões são mais amigáveis. Agora, carro, moto, geralmente passam”, afirma. Não sei se a faixa não é tão bem localizada ou pessoal não respeite tanto. Tenho que trabalhar, então não tem o que fazer”, afirmou Izique.

    Na parte alta das pontes, geralmente o pedestre encontra faixas elevadas que, naturalmente, obrigam o motorista a reduzir um pouco a velocidade, dando mais segurança. Segundo um agente de trânsito ouvido pela reportagem, é provável que esse tipo de faixa de pedestre não seja colocada logo na entrada das alças, para quem vem da marginal, porque isso poderia gerar redução brusca de velocidade, risco de acidentes e congestionamento.

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    A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) cita pessoas em situação de rua como as principais vítimas de atropelamentos na Marginal Tietê.

    Reciclador, Marcelo de Léo, 60 anos, vive dessa maneira e diz que falta respeito por parte dos motoristas e o trânsito é muito intenso, durante as 24 horas do dia. “Tem hora em que você tem que meter a cara e seja o que Deus quiser”, diz. “Quando tem um carro da CET, uma polícia, eles ainda dão uma brechinha”, afirma.

    O reciclador diz que quase foi atropelado recentemente. “Um caminhão, outro dia, bateu no saco que eu estava carregando e jogou longe. Uma moto brecou em cima de mim. O pessoal não tem muito respeito, não”, afirma.

    Zona sul

    Duas grandes vias da zona sul de São Paulo vêm na sequência da Marginal Tietê no ranking dos atropelamentos, segundo dados do Infosiga.

    Na Estrada de Itapecerica, pedestres sofrem para atravessar a via até mesmo em local de grande concentração de pessoas, como na altura da Estação Capão Redondo, da Linha 5-Lilás.

    “Já vi atropelamento de moto, de carro. Acontece muito por aqui, né? Já morreu gente aqui nesse farol”, afirma o aposentado Juvêncio de Medeiros, de 70 anos.

    A Estrada do M’Boi Mirim também é um local crítico e pedestres criticam os tempos semafóricos. “Acho que demora muito para abrir, por isso tem acidente. Daí o pedestre atravessa, porque está atrasado”, diz a vigilante Adelma Oliveira dos Santos, de 47 anos.

    Confira a relação das vias com maior incidência de atropelamentos

    • Marginal Tietê – 58.
    • Estrada de Itapecerica – 49.
    • Estrada do M’Boi Mirim – 47.
    • Avenida Senador Teotônio Vilela – 46.
    • Avenida Sapopemba – 41.
    • Avenida Marechal Tito – 38.
    • Avenida Dona Belmira Marin – 37.
    • Marginal Pinheiros – 37.
    • Avenida do Estado – 28.
    • Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira – 26.

    O que diz a Prefeitura de São Paulo

    A Prefeitura de São Paulo, por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), diz que vem adotando diversas medidas para aumentar a segurança viária para pedestres, motoristas, ciclistas e motociclistas.

    Para os pedestres, o projeto de Áreas Calmas visa reduzir o risco, desde 2017, em centros comerciais com grande fluxo de pedestres, presença de terminais e estações de transporte coletivo e ocorrências de sinistros.

    “O Rota Acessível visa estimular a mobilidade ativa de maneira segura para a população, com prioridade para o deslocamento a pé e de bicicleta em Trajetos Transportes Públicos a Polos de Interesse Idosos e Deficientes Visuais”, afirma.

    Segundo a CET, ainda há outros programas, como o Via Segura, que faz o redesenho urbano em eixos de corredores com maior ocorrência de atropelamentos, e realiza ajustes na sinalização viária; e o Rota Escolar, para reduzir o risco de sinistros nas vias utilizadas pelos alunos.

    A companhia diz também que agentes de trânsito monitoram periodicamente as vias citadas pela reportagem, para garantir maior segurança e fluidez. “A operação inclui, entre diversas ações, ajustes nos tempos semafóricos para travessia segura de pedestres”, afirma.

    Segundo a CET, cálculo dos tempos de verde e de vermelho piscante são ajustados conforme as características de cada local, segundo o tipo de usuários e se há hospitais, escolas, estações de transporte coletivo ou comércio.

    Também cita a redução das velocidades máximas, de 50 km/h para 40 km/h, em 24 vias.

    “Em 2025, foram implantadas 31 minirrotatórias, 83 novos box de motos e 2076 novas travessias de pedestres. De 2020 até agora, a CET implantou 229 travessias elevadas”, afirma.

    Na Marginal Tietê, a CET diz que orienta e aciona os órgãos competentes para atender aos moradores em situação de rua, maiores vítimas dos atropelamentos no local.