A tragédia ocorrida em Mariana (MG) em 2015, com o rompimento da barragem de Fundão, matou 19 pessoas e afetou mais de 600 mil moradores, despejou toneladas de dejetos da mineração e contaminou o Rio Doce, sendo considerada a maior tragédia ambiental da história do Brasil.
O caso voltou à tona após a Justiça da Inglaterra condenar a mineradora australiana BHP, nesta sexta-feira (14/11). O Tribunal Superior de Justiça de Londres considerou a BHP “parcialmente culpada”, argumentando que o risco de colapso da barragem era previsível. Outro julgamento previsto para outubro de 2026 irá definir o valor da indenização.
A BHP é coproprietária da Samarco, empresa responsável pela barragem, junto com a mineradora brasileira Vale S.A.
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Rastro de destruição
Em 5 de novembro de 2015, o Brasil testemunhou uma das maiores tragédias ambientais e humanas da história: o rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, Minas Gerais. Um evento que deixou um rastro de destruição ambiental que ecoa até hoje.
A barragem, de propriedade da Samarco, resultado de uma associação entre as gigantes da mineração Vale e BHP Billiton, continha resíduos de ferro. Naquele dia, um colapso liberou mais de 50 milhões de metros cúbicos de lama tóxica e rejeitos, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), e inundou comunidades, devastou o meio ambiente e causou a morte de 19 pessoas.
o rompimento da barragem despejou mais de 50 milhões de metros cúbicos de material tóxico, aproximadamente, 46,3 mil piscinas olímpicas de rejeitos de minério de ferro e sílica, em 41 cidades e três reservas indígenas, em uma área equivalente a mais de 220 campos de futebol, na Mata Atlântica.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), uma análise de toda a área atingida pelos rejeitos de minério da barragem mostra que pelo menos 400 espécies da fauna e flora foram impactadas pelo desastre. Entre elas de 64 a 80 espécies de peixes; 28 de anfíbios; de 112 a 248 de aves; e 35 de mamíferos.
Estresse pós-traumático
Em 2018, três anos após a tragédia, um estudo coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que 12% dos afetados pelo desastre sofriam de estresse pós-traumático. Entre as crianças e adolescentes o índice era maior, chegando a 83%.
À época, os pesquisadores entrevistaram 271 atingidos pelo rompimento, que apresentaram depressão, ansiedade, insônia, aumento de problemas cardiovasculares e pensamentos suicidas. Ainda segundo o estudo, três a cada 10 vítimas tiveram depressão. Entre as crianças e adolescentes a incidência era de 39%.
Os autores da ação recorreram à Justiça britânica por considerarem insuficientes os processos conduzidos no Brasil – passados 10 anos do desastre, ninguém foi responsabilizado criminalmente no país.
