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    Trump muda de posição e apoia votação para divulgar dossiê Epstein

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    Em uma surpreendente reviravolta, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou nesse domingo (16/11) que apoia a votação no Congresso que pode resultar na divulgação de documentos secretos relacionados ao caso de Jeffrey Epstein, que se suicidou na prisão em agosto de 2019, antes de seu julgamento e após ser acusado de tráfico sexual de menores e associação criminosa.

    A divulgação de antigos e-mails do magnata sugere que Trump estava ciente das práticas criminosas de Epstein, criando uma situação constrangedora para o Partido Republicano. Uma das mensagens afirma que Trump, então amigo de Epstein, passou horas em sua casa com uma menor, vítima da rede de tráfico sexual. Em uma entrevista de 2019, Epstein disse que Trump foi seu “amigo mais próximo por 10 anos”.

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    O assunto ganhou destaque nas páginas dos jornais franceses nesta segunda-feira (17). “O fantasma de Jeffrey Epstein assombra novamente a Casa Branca” é o título de uma matéria do jornal Libération. Trump anunciou no domingo (16), em sua rede social Truth Social, ser favorável a uma votação na Câmara dos Representantes sobre a divulgação dos documentos secretos relacionados ao caso Epstein. “Não temos nada a esconder”, publicou, defendendo a necessidade de “deixar a farsa democrata para trás”, já que o presidente americano culpa a oposição pela retomada do caso.

    A Câmara dos Representantes analisa, a partir de terça-feira (18/11), um projeto de lei que pode obrigar o Departamento de Justiça dos Estados Unidos a divulgar integralmente o dossiê Epstein. Mas antes da mudança de posicionamento de Trump, a maioria dos parlamentares já se preparava para votar a favor da revelação dos documentos.

    O jornal La Croix publica o perfil do deputado republicano Thomas Massie, “que desafia Trump” ao se posicionar como um dos principais defensores da divulgação do dossiê. O diário afirma que, desde que foi eleito em 2012, o conservador é uma das principais figuras do partido a defender a liberdade de expressão, o que o torna popular em sua base eleitoral.

    No entanto, o jornal pede cautela quanto à possibilidade de publicação de novos documentos do caso Epstein. Depois de passar pela Câmara dos Representantes, o projeto de lei ainda precisa ser aprovado pelo Senado e promulgado por Trump para entrar em vigor.

    Rede de tráfico sexual

    Com a ajuda de sua cúmplice Ghislaine Maxwell, que atuava como recrutadora, Epstein levava menores de idade às suas residências, especialmente em Nova York e na Flórida. Maxwell cumpre pena de 20 anos de prisão por exploração sexual.

    Uma parte da população americana e personalidades de direita e de esquerda acreditam que Epstein foi assassinado para evitar o envolvimento de outras pessoas influentes no escândalo. Trump afirma que não estava ciente da prática de exploração sexual de menores por Epstein. Durante sua campanha, prometeu fazer grandes revelações sobre o caso, mas, diante das suspeitas de envolvimento, tentou acabar com as investigações.

    Para o presidente americano, a pressão dos democratas pela divulgação dos documentos secretos faz parte de uma campanha política para desmoralizá-lo, semelhante às denúncias de vínculos com a Rússia durante sua campanha eleitoral de 2016. Segundo Trump, Epstein “era democrata”. “É um problema dos democratas, não dos republicanos”, escreveu na Truth Social. “Alguns republicanos fracos caíram nas garras [dos democratas] porque são frouxos e tolos”, atacou.

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