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    TARAUACÁ: OU NOS UNIMOS OU VAMOS CELEBRAR COM FESTAS A CONSTRUÇÃO DE TRAPICHES (ARTIGO)

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    Nesta quarta feira, 10 de janeiro, a população de Tarauacá acordou mais uma vez e, literalmente “debaixo d’água”, após mais uma das fortes chuvas das que caíram só no início desse ano de 2018.

    DRENAGEM – A cada chuva, uma alagação e diversos transtornos em quase todos os bairros da cidade. Um verdadeiro caos provocado pela falta de um canal de esgotamento sanitário na cidade capaz de drenar a água e o esgoto do espaço urbano d município.

    Nos últimos 15 anos nenhuma política séria e contundente de saneamento ambiental foi desenvolvida em Tarauacá, considerado um dos município em que mais se chove no país. 

    O poder público parece estar sempre fazendo o caminho contrário. Ao invés de desapropriar, urbanizar e disponibilizar áreas de terra para que as pessoas construam suas residências em locais apropriados, prefere esperar o povo ocupar terenos dentro de igapós, áreas de proteção ambiental e outras consideradas “inóspitas”.   No desespero, o povo “invade” ou compra por preços alternativos, os terrenos das mãos de atravessadores e constrói sua moradia da maneira que pode. Formam-se então, os povoados e depois o poder público se vê pressionado e obrigado a levar o aterro, a rua, a calçada, a pavimentação, o esgoto, a rede elétrica, a rede de águia e outros serviços essenciais. O resultado disso é o encarecimento dos serviços, quando eles chegam e também o fechamento dos poucos canais de saída da água e do esgoto da cidade. O comum é as pessoas ficarem praticamente abandonadas nesses locais vivendo em condições sub-humanas, aumentando  os índices da degradação social.

    As últimas casas populares entregues em Tarauacá com infra estrutura urbana adequada foi o Conjunto  Vila Seabra, ainda na Gestão do Governador Jorge Viana (2005-2006). Vale ressaltar que os beneficiários eram servidores públicos. De lá pra cá nem Governo Federal, Estadual e muito menos a Prefeitura construíram sequer um “barraco” pro povo morar. O déficit habitacional é muito grande. Nesse tempo todo ficamos na promessa. 

    Culpar a atual prefeita Marilete Vitorino seria uma injustiça. Ela está no início do mandato, porém, vale ressaltar, que mesmo nesse pequeno espaço de um ano de governo, não se estruturou nem a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, imaginem execução de uma política de saneamento ambiental.  Nem secretário tem. Vamos aguardar. Os prefeitos anteriores e os governadores têm parcela de culpa sim pois “não atentaram” para essa questão de forma séria.

    Na gestão do prefeito Rodrigo Damasceno foi criado um Bairro de forma improvisada por conta de uma decisão judicial que colocou na rua, dezenas de família que haviam invadido uma área de propriedade particular. Para tentar amenizar o problema, a prefeitura adquiriu uma área nas proximidades do Bairro Ipepaconha e cedeu para que as famílias construíssem suas casas. A ideia do mesmo era a crianção do primeiro Bairro Planejado no Município. Uma uma tentativa em vão. O  bairro tem ruas (algumas pavimentadas), estão chegando lá a rede de água e energia elétrica, porém não tem rede de esgoto e nem drenagem. A cada chuva o povo sofre.

    Povo pegando água fornecida gratuitamente pelo empresário BUBU

    ÁGUA – Outra questão que quero destacar é grande déficit na distribuição de água potável no município.   A cidade cresceu, mesmo que de forma desorganizada, e a rede de distribuição de água não acompanhou esse crescimento. O DEPASA em Tarauacá não distribui água tratada de forma competente para atender a demanda da população. Quem mora na região central da cidade não tem problema. Mas nos bairro o problema é sério. No meu programa de rádio as maiores reclamações que recebo é da falta de água e também a má qualidade. No ano passado o governo dobou a capacidade de produção de água, porém não a distribuiu na mesma proporção. A rede atual é velha, está quebrada em muitos lugares e não atende ao povo.

    Se não fosse os empresário José Mourão Filho que distribui água do seu poço artesiano, bem como o outro empresário Bubu da Farmácia  que distribui também do poço de sua residência não se sabe como viveriam essas pessoas que todos os dias fazem filas para buscar água pra beber e fazer as tarefas de casa. Vale ressaltar aquelas pessoas que têm poços semi artesianos, faturam uma grana distribuindo água para os vizinhos diante de uma mensalidade.

    Um outro aspecto decorrente dessa situação do DEPASA, é o aquecimento do comércio da água em nossa cidade. Caminhões chegam diariamente abarrotados de vasilhames água para serem vendidas aos tarauacaenses que, além da falta, não estão mais com coragem de beber da água do DEPASA, quando aparece. Isento aqui os homens e mulheres que trabalham no órgão. Não são culpados. Informações que em 2018 haverá um grande serviço de extensão de rede em Tarauacá. Vamos aguardar.

    falta rede elétrica em diversos bairros da cidade

    ENERGIA ELÉTRICA –  Continuando essa drama do povo de Tarauacá,  me refiro agora à questão da demanda de rede elétrica em nossa cidade. É vergonhoso andar nos bairros e pontas de ruas nos depararmos com tantos pontos de ligações improvisadas por falta da rede. Quem sofre com isso é a população de baixa renda, que constrói suas casas em áreas de difícil acesso e, além ter que comprar o material de construção de seus casebres, ainda é obrigada a comprar toda a sua fiação muitas vezes chegando a mil metros. Nesse locais a energia é muito fraca. Se ligar a TV tem que desligar a geladeira. São quase 20 pontos na cidade que se encontra essa situação. Um morador da Região do Campo do Luiz Madeiro me disse a seguinte frase. “Accioly.. até os bois nas fazendas recebem energia elétrica de boa qualidade e nós, o povo trabalhador e pagador de imposto, sofremos com a falta da energia. Isso é uma injustiça“, desabafou. 

    Faltam ruas pavimentada

    RUAS PAVIMENTADAS – Por fim, as ruas de nossa cidade que depois dessas chuvas parecem que foram dinamitadas.

    Se a cidade não tem drenagem, a prefeitura e o governo do estado podem construir uma rua a cada 30 dias que elas vão acabar logo. Não não precisa ser engenheiro pra se saber. Lembram do Programa ruas do Povo? Pois é. Se fez a ruas e não se drenou a cidade e o resultado foi trágico. Prejuízos e transtornos para a população.

    Tarauacá falta esgotamento sanitário, rede de água, rede de energia, habitação popular e ruas pavimentadas. São direitos fundamentais do cidadão que estão sendo negados.

    E de quem é a culpa?

    A culpa de todos nós que ainda não percebemos que devemos nos unir. Sociedade civil e poderes constituídos. Precisamos que as forças políticas parem de querer acabar umas com as outras e possam se unir. Quando os partidos deixarem de ser mais importantes que o povo teremos avanços reais.

    Essa desunião porém só aumentou nos últimos anos. Buscar unir nossa bancada de vereadores, prefeita, vice secretários, governo do estado e seus órgãos, bancada estadual e federal em torno desses problemas. 

    Precisamos de alguém que que tenha capacidade de liderar esse povo querido para se unir pelas suas conquistas fundamentais. Caso contrário, vamos comemorar com fogos de artifício, a CONSTRUÇÃO DE TRAPICHES.

    Raimundo Accioly

    Professor e comunicador em Tarauacá.