MAIS

    Moro se diz orgulhoso de ter desembarcado da gestão Bolsonaro

    Por

    O ex-juiz Sergio Moro (Podemos), pré-candidato ao Palácio do Planalto, resolveu centrar fogo no presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele disse ter “muito orgulho” pelo desembarque do governo, no qual ocupou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e relatou que sua participação na atual gestão tinha como objetivo consolidar os avanços contra a corrupção e “honrar” as expectativas criadas pelo trabalho na Operação Lava-Jato.

    “Quando o projeto foi sabotado pelo atual presidente da República, porque ele temia avanços de investigações sobre coisas erradas feitas por ele e pela família dele, isso enfraqueceu o combate à corrupção”, afirmou, em entrevista, ontem, à Rádio CBN Caruaru. “Eu permaneci no governo enquanto pude, lutando por essa pauta, até que o presidente me atropelou e trocou o diretor da Polícia Federal.”

    A estratégia de Moro de atacar o governo é minimizada por parlamentares apoiadores do Executivo. O deputado federal Bibo Nunes (RS- PSL), por exemplo, afirmou que a candidatura do ex-juiz é “natimorta”. “Ele não tem espaço nenhum. A disputa será entre Lula e Bolsonaro”, frisou o parlamentar, em relação ao líder das pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ao segundo colocado, o atual chefe do Executivo. “Ninguém da esquerda tem mais carisma do que Lula e ninguém da direita tem mais carisma do que Bolsonaro. Moro vai ser diluído. Para nós, ele é tido como um traidor e ingrato.”

    Para o cientista político Rócio Barreto, a intenção de Moro é tirar do presidente o lugar no segundo turno. “Ele não tem condições de ultrapassar Lula, então, tenta derrubar Bolsonaro”, disse. O especialista enfatizou que a parcela do eleitorado a ser conquistada pelo ex-juiz é formada por aqueles que não acreditam na inocência de Lula e não aprovam a gestão do atual governo. “Por isso, o bombardeio dele é no Bolsonaro, para conquistar os votos que o presidente ainda tem.”

    Na avaliação do cientista político Ismael Almeida, o caminho para Moro chegar à segunda fase do pleito passa por uma mudança de discurso, colocando Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) como seus principais alvos. “Acredito que ele teria chances de avançar ao segundo turno se ajustasse o discurso dele, focando as críticas em Lula e no STF. Porque ele não tem como crescer no eleitorado de esquerda, então, acaba só tendo chances de realmente competir nas eleições se conquistar os votos da centro-direita e dos mais conservadores, bolsonaristas”, destacou.

    Almeida classificou como arriscada a tática de Moro de intensificar os ataques a Bolsonaro, já que integrou a atual gestão. “Quando você ataca um governo do qual fez parte, o eleitorado pode encarar esse discurso como uma contradição”, avaliou.

    Por Correio Braziliense