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    Marta diz que recorde é para todas as mulheres “num esporte que ainda é masculino para muitos”

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    Camisa 10 brasileira chegou aos 17 gols em Copa do Mundo com pênalti bem cobrado na vitória sobre a Itália. E não teme França ou Alemanha nas oitavas: “Não tem que escolher”
    Por Amanda Kestelman — Valenciennes, França
    Globo Esporte 
    O gol de Itália 0 x 1 Brasil pela 3ª rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de Futebol Feminino
    Marta foi precisa no pênalti e deu a vitória ao Brasil sobre a Itália, nesta terça-feira, por 1 a 0, em Valenciennes. Foi o seu 17º gol na história das Copas do Mundo, o que a fez superar o recorde do alemão Klose. Na entrevista pós-jogo, dedicou a importante marca às mulheres.
    – Quebrar recordes é algo que acontece naturalmente quando se dedica, faz trabalho com amor. Estava esperando esse momento. Estou feliz demais. Digo que a gente está quebrando muitas barreiras, e esse recorde representa bastante, porque não é só a jogadora Marta, mas as mulheres, num esporte que ainda é masculino pra muitos, temos uma mulher como a maior artilheira das Copas. É para todas elas – disse a camisa 10 logo após ter sido eleita a melhor em campo pela Fifa.
    Na zona mista, Marta brincou com o alemão:
    – Será que ele (Klose) vai voltar atrás e querer jogar a próxima Copa (risos)?
    – Esse recorde é nosso, de todas nós mulheres que lutamos constantemente por melhoria em todos os setores. Eu divido com todas vocês que lutam e batalham e ainda têm que provar que é capaz de desempenhar qualquer tipo de atividade.
    Milena Bertolini, técnica da Itália, parabenizou a brasileira.
    – Estou muito feliz pela Marta, pelo seu recorde. Ela representa um símbolo do futebol feminino mundial.
    E o batom?
    Marta explicou a escolha de usar batom forte no jogo, algo que não é comum vê-la fazendo. A camisa 10 é patrocinada por uma marca de cosméticos:
    – Eu sempre uso. Mas aí eu ousei. Não dá para colocar algo simples, fui botar algo diferente. Eu provei antes e disse “vou com esse aqui”. Tem tudo a ver. A cor é sangria, tem que dar o sangue, tem que estar junto, é aquele negócio. Em todos os jogos eu vou usar.
    Como avançou em terceiro, a Seleção enfrentará a França ou Alemanha nas oitavas de final – mais chance de pegar as donas da casa, domingo, às 16h (de Brasília), em Le Havre. Marca, claro, não tem nenhuma das duas, ainda que o Brasil entre como azarão.
    – Será uma pedreira, mas nós somos Brasil e temos que estar preparados para tudo. Num campeonato como esse não tem que escolher adversário. Tem que estar pronta para jogar contra qualquer equipe e sabemos que vamos estar.
    A Rainha ainda explicou para quem foi a comemoração em que fez o gesto “embala neném”:
    – A Thaísa falou comigo antes do jogo que, se fizesse um gol, comemorasse para o primo dela que vai ser pai. E, obviamente, continuando a nossa luta pela igualdade. Foi para todas as mulheres também.
    Marta e Thaísa fazem o “embala neném” na comemoração do gol do Brasil — Foto: Reuters
    Sobre suas condições físicas, Marta explicou que aos poucos está melhorando. Ela pediu para ser substituída aos 37 minutos do segundo tempo.
    – Mais do que eu esperava. Estou bem, sinto que estou evoluindo, mas ainda falta aquele 100%, sem ter receio de voltar a sentir a mesma dor. Consegui jogar até não ter nenhum sinal, quando bateu 80 minutos comecei a sentir e pedi para sair.