MAIS

    “Tiraram meu bebê de mim”, lamenta mãe de ciclista atropelado na Estrutural

    Por

    “Ele me chamava de ‘minha velhinha guerreira’, só que, agora, eu não sou mais guerreira”. É assim que Hilda Maria Santos, 58 anos, mãe do vigilante Joelson Fernandes, 38, descreve o que está sentindo após a morte brutal do filho. Ele pedalava no acostamento da Via Estrutural, quando foi atropelado por um criminoso que estava em fuga da polícia, na quinta-feira (3/2). Com o impacto, o ciclista foi arremessado a cerca de quatro metros de distância.

    Joelson era atleta de alta performance e treinava na pista, como fazia todos os dias. Emocionada e bastante abalada com a morte do filho, dona Hilda conta que ele era um ciclista de primeira linha. “Ele andava de bicicleta há 10 anos e gostava muito de competir. O negócio dele era treinar e treinar, para ganhar as competições”, destaca. Ela lembra que não importava a posição que Joelson terminava, a felicidade era sempre a mesma. “Podia ser primeiro, segundo ou terceiro lugar, ele ficava contente da vida quando chegava com o troféu.”

    “Meu filho era muito alegre, muito brincalhão, era um crianção”, destaca a mãe. “Ele me ajudava sempre. Eu tenho problemas de saúde e, quando precisava fazer exames, ele me levava. Me ajudava a comprar meu medicamento, em tudo. Às vezes, ele me falava: ‘Oh, velhinha! Não se aperte não! Dinheiro pouco nós temos muito!’ e ficava fazendo graça”, emociona-se dona Hilda, entre lágrimas.

    Joelson completaria 39 anos em 11 de fevereiro. “Uma pessoa ruim entrou no caminho do meu filho e atrapalhou o aniversário dele”, lamenta Hilda. Ela ressalta o desejo de que a justiça seja feita. “A gente não sabe explicar, é um sentimento de abandono à população. O bandido que está preso na cadeia acaba sendo solto pelas autoridades e, aí, comete mais desastres no mundo. Se não tivessem soltado esse bandido, ele não teria matado meu filho. Tiraram meu bebê de mim”, protesta.

    Ao Correio, a irmã de Joelson, Mônica Fernandes, 37, conta que ficou sabendo do acidente por meio de outras pessoas. “Eles viram no jornal e ligaram para a gente”, disse, bastante abalada. Ela frisa que o irmão era muito apegado à família. “Era um amor de pessoa, um menino excelente. Era trabalhador e cheio de planos e projetos”, enumera Mônica. Joelson trabalhava como vigilante e tinha aberto um negócio de revisão de bicicletas, há menos de uma semana.

    Joel, a mãe e as três irmãs vieram para o Distrito Federal em 1994, em busca de uma vida melhor. “Ele sempre trabalhou e ajudou em casa. Era um ótimo menino”, garante Mônica. O pai do ciclista, debilitado, não processou a morte do filho. “Minha mãe está destruída. O pai não tem muita noção das coisas”, explica Mônica.

    Por Correio Braziliense